Problema enorme: ninguém senta do meu lado no ônibus! Não tô dizendo coisas ao vento, fazendo drama, nem nada parecido, mas eu assusto passageiros. Digo isso com a certeza de quem fez uma extensa pesquisa de campo! Pensa só, são sete anos de estrada, por baixo, em um ir-e-vir pendular; muita experiências antropológicas!
Cerca de 5040 entradas e saída de ônibus, isso se contar minhas idas e vindas da escola e da faculdade. Fora as entradas nos 49's, 53's, 31's, 39's, 45's, 30's, 57's, 47's e alguns outros por essa vida. O resultado desses estudos não me deixa mentir, por um motivo ou outro, eu atormento os passageiros!
Ônibus cheio, dia cheio, todo mundo cansado e o último lugar a ser preenchido é ao meu lado. Essas pequenas preocupações são vitais pra quem anda de ônibus todo dia! Refletir amenidades é uma alternativa à máxima clássica de prestar atenção na conversa dos outros! E conversa de pimba é o máximo!
Algumas vezes fechava os olhos e rezava para ser a escolhida; outras dava graças por ter certeza de que ninguém sentaria do meu lado - ou por TPM, e aí eu sei que dou medo mesmo, ou falta de banho. Algumas vezes era tarde da noite e as pessoas preferiam ficar de pé a sentar do meu lado e eu fazia a minha melhor cara de simpática - e olha que já ganhei uma vez a faixa de Miss Simpatia do ônibus em uma viagem- para atrair vizinhos e finalmente ter a sensação quentinha de poder apoiar minha cabeça no ombro do colega... Isso sim seria felicidade! Mas cara, raras vezes dava certo. Cheguei a até atrair pessoas incovenientes, alguns tarados e afins por conta dessa minha obsessão...
Meu primo criou algumas teorias, não sei se devo confiar em alguma -afinal, é o Guilherme... Na dúvida resolvi perguntar pra ver se alguém mais opina. Caso realmente seja por conta da minha cara de comunista malvada de bigodes... Bom, devo assumir que ficaria feliz. Se for por minha cara de esnobe, nem tanto, vai... Gosto de poder escolher quando usá-la. E, por último, não quero considerar o fator genético, apesar de ter escutado relatos de outras pessoas da minha família que sofrem desse mal.
Fiquei pensando nos quesitos que utilizo para escolher do lado de quem sentar no ônibus, me pus no lugar deles pra ver se entendia. Já troquei de perfume algumas vezes e isso não adiantou muito. Minhas opções têm sido viajar acompanhada ou ainda tirar proveito, e só proveito, dessa situação; esticar as pernas, dar aquela alongada nos braços, enrolar o casaco e fazer a cadeira de sofazão; nada como um bom sono pra abstrair os problemas, diria minha avó!
quarta-feira, 30 de julho de 2008
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